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Extinção: será que a vida imita a arte ?

Dia mundial da água (22 de março), conscientizar para sobreviver

Já imaginou um mundo seco, devastado, onde a água é negociada a preço de ouro? Pois é, esse é um assunto que já vem sendo tratado há anos por diferentes organismos internacionais, além de alguns diretores de filmes já conhecidos pelo público; falando em filme, você sabia que temos um cineasta gamense que fez um filme sobre o assunto? Isso mesmo, Tistá Filintro aborda esse tema tão importante no filme “Extinção” de 2019.

Mas por que o Gama Cidadão está levantando esse assunto? No dia mundial da Água vamos refletir sobre nossas atitudes no cotidiano e a relação entre os Campos de Murundus, importante fitofisionomia do Bioma Cerrado. Aqui no Gama encontramos esse tipo de fitofisionomia no Parque Vivencial do Gama, já conhecido pelas invasões e pela falta de interesse do poder público em resolver essa situação.

Campos de Murundu

É uma formação semicircular com aproximadamente um metro de altura e com diâmetro que pode variar entre 10 cm até 20 m, localizados em solos hidromórficos com coloração acinzentada. Os campos de murundus são característicos do Cerrado e são tratados pela legislação do DF e do Goiás dada a sua peculiaridade e utilidade para recarga do lençol freático e de aquíferos. 

Esquema de campos de murundu

Os campos de murundus constituem área de reserva de biodiversidade, tanto da flora como da fauna.  A utilização de áreas localizadas próximas a campos de murundus para drenagem, cultivo, pastoreio e outras atividades, devem atender as exigências da legislação local.

Instrução normativa do IBRAM exige o atendimento de algumas normas para se tratar dos campos de murundu. Aqui no Gama há problemas com a fiscalização dos locais com esse tipo de fitofisionomia. Lei estadual goiana.

Portanto, essas áreas ficam considerados como Áreas de Preservação Permanente tanto no DF como no estado de Goiás.

Revista do Meio Ambiente da UnB com matéria/artigo que fala sobre os Campos de Murundus da Fazenda Águas Limpas em Planaltina-DF.

Parque Vivencial do Gama

Os gamenses que aguardam desde 1984 a implantação do PUVG. No ano, a área de 590 mil m² foi catalogada como área de proteção ambiental. O local também está previsto no Plano Diretor do Gama e foi instituído pela Lei 1.959/98. No entanto, a legislação foi declarada inconstitucional depois de uma ação movida pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, MPDFT, pois cabe apenas ao executivo criar projetos que tratam do uso de solo. Apesar da inconstitucionalidade da Lei, outros meios legais garantem a implantação do PUVG. 

parque vivencial
Coração do Parque, obra do arquiteto Ariomar da Luz Nogueira. Foto: Israel Carvalho

Veja mais informações na matéria de Israel Carvalho (https://www.gamacidadao.com.br/audiencia-publica-sobre-o-parque-vivencial-urbano-do-gama/)

O parque sofre agressões do poder público e da população, o poder público constrói ciclovia, campo de futebol sintético e estacionamento sem pensar em um projeto para o local. Falando em projeto, foi feito um concurso para levantar propostas de projetos para o parque. Veja uma das propostas aqui.

Consulta Pública sobre recriação do Parque

A população e associações de cunho religioso ocupam áreas do parque, de fato o único proprietário de um pedaço de terra no parque é a Maçonaria. O poder público tentou algumas coisas para tentar mitigar os problemas. Obras de infraestrutura através do programa Brasília Cidade Parque (2013). Verba do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FUNAM/DF). Grupo de Trabalho Prainha (Portaria nº 80 de 07/10/2016 Secretaria de Estado do Meio Ambiente). 

Carta aberta aos invasores do parque

Lembrando que o Grupo de Trabalho Prainha foi uma tentativa dos ambientalistas da cidade em parceria com o governo e entidades representativas da sociedade civil, o fundador do Gama Cidadão, Israel Carvalho teve importante participação no grupo. 

Reunião do Grupo de Trabalho Prainha com o então secretário do meio ambiente.

Dia Mundial da Água

O Dia Mundial da Água é comemorado em 22 de março e apresenta como objetivo colocar em discussão assuntos importantes relacionados com esse recurso natural. Como sabemos, a vida no planeta só é possível graças à presença de água, desse modo, cuidar das fontes de água é fundamental para a nossa sobrevivência. O corpo humano, por exemplo, necessita de água para diversos processos, como a manutenção da temperatura corpórea e o transporte de substâncias.

Essa data foi criada em 1992 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e visa à ampliação da discussão sobre esse tema. No dia 22 de março de 1992, a ONU, além de instituir o Dia Mundial da Água, divulgou a Declaração Universal dos Direitos da Água, que é ordenada em dez artigos. Veja a seguir alguns trechos dessa declaração:

1- A água faz parte do patrimônio do planeta;

2 – A água é a seiva do nosso planeta;

3 – Os recursos naturais de transformação da água em água potável são lentos, frágeis e muito limitados;

4 – O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preservação da água e de seus ciclos;

5 – A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores;

6 – A água não é uma doação gratuita da natureza; ela tem um valor econômico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode muito bem escassear em qualquer região do mundo;

E agora?

Percebe-se que esse assunto é de extrema importância e que é necessário o diálogo permanente, diálogo que foi descontinuado pelo atual governo.

Os campos de Murundus têm grande relevância para o abastecimento hídrico de rios e nascentes já que os Murundus funcionam como reservatórios naturais de água. Deixamos portanto o link para um trabalho de conclusão de curso de Engenharia Aeroespacial da UnB do Gama que sugeri um possível sistema de monitoramento dessas áreas por meio de sensoriamento remoto dos campos de Murundus. Link

A intenção desse texto é para que pessoas conheçam algo que quase ninguém tem noção e que está sendo perdido por puro desconhecimento. Que sirva de alerta. Aquilo que não conhecemos está sendo destruído e jamais saberemos se não tivermos informações.

Pensando nisso deixamos essa questão no ar: Será que a arte imita a vida ou a vida imita a arte?

Título insipirado no filme Extinção de Tistá Filintro.

Por Danrley Pereira – Da Redação do Gama Cidadão.

Bibliografia:

https://www.gamacidadao.com.br/gama-chama-a-atencao-do-mundo-com-filme-extincao/

https://www.gamacidadao.com.br/audiencia-publica-sobre-o-parque-vivencial-urbano-do-gama/

https://www.gamacidadao.com.br/grupo-de-trabalho-da-prainha-em-defesa-dos-parques/

https://www.gamacidadao.com.br/durante-reuniao-ocorrida-no-sabado-17-o-parque-vivencial-ganha-comissao-de-defesa/

https://www.gamacidadao.com.br/recriacao-do-parque-ecologico-do-gama-sera-discutida-com-a-sociedade/

https://www.gamacidadao.com.br/artistas-do-meu-bem-querer-e-extincao-em-cartaz/

http://www.gamacidadao.com.br/carta-aberta-aos-invasores-do-parque-urbano-e-vivencial-do-gama/

 

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Danrley Pereira

Social Media, Jornalista DRT nº 0012449/DF e Engenheiro de Software em https://dwcorp.com.br.

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