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Solidariedade do Japão ao Gama

Maria Aurimar de Andrade, 62 anos, não consegue conversar sobre o futuro sem se movimentar na cadeira, entusiasmada. Enquanto fala, ela move as mãos de um lado para o outro, com um sorriso aberto e palavras de otimismo. Conhecida como Irmã Aurimar, a freira se encarrega, há 36 anos, de presidir a Casa do Menino Jesus, instituição localizada no Setor Oeste do Gama, dedicada ao cuidado de crianças doentes vindas de outras unidades da Federação para tratamento em hospitais do Distrito Federal. “Quando surgiu, a casa recebia apenas meninas e meninos com câncer, mas houve a necessidade de ampliar esse atendimento, porque muita gente procurava.

Hoje, recebemos crianças com problemas cardíacos, renais e neurológicos, por exemplo”, conta a presidente e fundadora da instituição. Na tarde de ontem, Irmã Aurimar e os 30 voluntários, crianças e mães que moram no local receberam um presente: a Embaixada do Japão, por meio da Assistência a Projetos Comunitários e de Segurança Humana no Brasil (APC), doou US$ 73 mil – o equivalente a cerca de R$ 270 mil. O valor será destinado à reforma e à ampliação das instalações. “O que vai ocorrer aqui é um crescimento. Não é só o nosso trabalho que vai melhorar, nós vamos nos tornar mais humanos”, diz Aurimar, agitando o hábito.

O documento que oficializa a doação foi assinado em um evento que ocorreu no quintal da própria casa. A decoração foi feita de balões, TNT e letreiros em papel emborrachado que davam as boas-vindas ao embaixador, Kunio Umeda. Tudo foi feito pelos próprios voluntários, com ajuda das crianças. “Eu e minha equipe nos sentimos acolhidos, fomos muito bem recebidos. É um desejo meu que essas crianças possam vencer as doenças. Não há alegria maior que vê-las superar as dificuldades”, disse o embaixador, que se misturou aos convidados e moradores da casa na cozinha para um lanche. A coordenadora administrativa da instituição, Alda Meneses, esteve inquieta durante toda a tarde, distribuiu sorrisos eufóricos aos convidados.

Segundo ela, a principal melhoria que a reforma pode trazer é a capacidade de atender crianças cuidadas também pelos pais. Atualmente, apenas mães acompanham os pequenos acolhidos. “Infelizmente, não temos acomodações para receber homens e mulheres confortavelmente. Com a construção de mais quatro dormitórios, poderemos acomodar melhor todo mundo”, explica. A ponte entre a Embaixada do Japão no Brasil e a Casa do Menino Jesus foi construída pelo vice-presidente da Federação das Associações Nipo-Brasileiras do Centro-Oeste (Feanbra), Kuniyoshi Yasunaga. Em junho do ano passado, a Feanbra organizou a 4ª edição do Festival do Japão Brasília, evento voltado à cultura japonesa na cidade.

O valor da entrada, um quilo de alimento não perecível, seria doado a locais carentes no Distrito Federal. Dono de um comércio no Gama, Kuniyoshi já conhecia a casa, mas só de vista. Ainda assim, resolveu que aquela seria uma das instituições beneficiadas. “Esse lugar aqui é diferente de todos os outros 20 para os que doamos. Eu sou uma pessoa muito emotiva, então o fato de elas lidarem com crianças doentes mexeu comigo. Quando tive oportunidade, apresentei o projeto à embaixada”, recorda. Segunda casa, as 15 crianças e os adolescentes que vivem na Casa do Menino Jesus recebem no lugar bem mais que os cuidados e estrutura básica de um lar.

Boa parte delas, segundo a presidente e a coordenadora, fazem tratamentos no Hospital da Criança José Alencar (HCB) e no Hospital Sarah Kubitschek, ambos próximos ao centro de Brasília. A instituição oferece transporte de ida e volta aos dois locais e medicamentos receitados pelos médicos que não estejam disponíveis na rede pública. Além de um teto sob o qual vivem e dormem, as famílias recebem alimentação – são oferecidas seis refeições ao dia -, itens de higiene pessoal e até roupas, quando necessário, tudo de graça. A instituição é sustentada apenas por doações e a quantia de US$ 73 mil, revertida na melhora do local, pode trazer mais conforto a pessoas como Angela Barbosa, 31 anos.

Quando saiu do Rio Branco para vir ao DF com o filho Kauã Camurça, 10, estava “carente de todas as coisas”, como ela mesma define. A Casa do Menino Jesus foi a âncora que a ajudou a se estabelecer, mesmo tão longe do lar, e dar início ao tratamento de autismo de Kauã, no HCB. “É a nossa segunda casa, desde o início nos sentimos muito bem recebidos aqui. Não nos preocupamos com estadia ou qualquer outra dificuldade.” Enquanto ela fala, Kauã brinca, corre, pergunta pelo lanche. Inquieto, animado e claramente familiarizado com o ambiente. “Estou na minha casa e aqui ao mesmo tempo”, brinca Terezinha Meneses, 60 anos, que há 12 dá suporte às atividades da instituição.

“Não tenho função específica, o que me pedirem eu faço, venho quando me chamarem, não importa a hora. Meu filho, aos 8 anos, teve epilepsia. Era aqui que eu pedia ajuda e, ao ajudar os outros, esquecia meu próprio sofrimento”, lembra Terezinha. “Eu nem considero essas crianças como doentes, porque elas não transmitem tristeza, mas força para superar as dificuldades. Eu dou a mão e recebo de volta muito mais”, diz, emocionada. Para ajudar A Casa do Menino Jesus aceita doações de alimentos, materiais de limpeza e higiene pessoal, roupas, brinquedos, eletrodomésticos (novos ou usados), materiais recicláveis (papel, papelão, garrafas plásticas e de vidro, latinhas etc.

Visitas também são bem-vindas. Endereço EQ 14/18, no Setor Oeste do Gama. Doações em dinheiro

Banco do Brasil – Agência 1239-4 / Conta 5212-4

BRB – Agência 104 / Conta 617746-7

Contatos: 3384-1517 ou 3385-6317

E-mail: [email protected]

Da Redação do Correio Braziliense – 25/03/2016

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