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Santa Maria pede socorro
Por Carla Rodrigues e Renata Noiar
Moradores da cidade sugerem o patrulhamento da Força Nacional para conter violência na região.
Em média, três lojas são arrombadas a cada noite em Santa Maria. É o que afirma a população da cidade. Cansados de assistirem a episódios de violência se repetindo, moradores, em sua maioria comerciantes, protestaram contra a violência na região. Reunida na Praça Central, a população reivindicou mais segurança e fez um pedido: o envio de equipes da Força Nacional à região administrativa. …
“Todo comerciante tem uma história triste para contar”, desabafa o comerciante Wesley Dida, 31. Ele teve sua loja multimarcas roubada há 15 dias. Os ladrões colocaram uma arma na cabeça de sua mulher, que está traumatizada.
O protesto foi convocado pelas redes sociais. O perfil Radar Santa Maria, no Facebook, foi criado de forma anônima por moradores da cidade, que temem retaliações. Até sábado, 270 pessoas haviam confirmado presença no evento. Mas, para desânimo dos manifestantes, além de o número de participantes ser muito menor, os presentes ainda tiveram de lidar com a incompreensão de motoristas.
O grupo interditou a rua próxima à Praça Central com a intenção de sensibilizar a população para o problema. Muitos motoristas passavam irritados, gritando que a manifestação era perda de tempo.
Operação tartaruga
Alguns dos manifestantes sugerem que o aumento da violência tem relação direta com a mobilização da Polícia Militar, que começou chamada de Operação Tartaruga e determinou um ritmo mais lento para os serviços. “Minha academia foi assaltada há 15 dias. Fiz boletim de ocorrência, mas até hoje nenhuma resposta da polícia”, reclamou o comerciante Bernardino Teixeira, 47 anos.
Por conta desses episódios e da lentidão da PM, moradores sugerem que é a hora de a Força Nacional intervir. Ainda nesta semana o grupo pretende protocolar ofício junto ao Ministério da Defesa. “Já que as autoridades não entendem a gravidade, vamos fazer nossa parte”, afirmou o comerciante Daniel Oliveira, 31 anos.
Cerca de meia hora depois de a manifestação ter começado, a Polícia Militar, que andava meio sumida, apareceu para pedir o desbloqueio do trânsito. E o protesto teve de terminar.
Enquanto isso, segue a expectativa de acordo entre policiais e governo. A Associação dos Praças Policiais e Bombeiros Militares do DF (Aspra) remarcou assembleia para amanhã, às 9h, em frente ao Palácio do Buriti, quando os servidores vão avaliar a proposta de reajuste salarial feita pelo GDF. Mas o possível aumento de 22% por meio de benefícios ainda deve causar polêmica. Para representantes das corporações, a oferta é “indecente” e desvaloriza os praças. Praças da PM contestam proposta
“Eu sou PM e falo, com segurança, que nós não aceitaremos essa proposta. Cem por cento dos praças estão indignados. Essa proposta só beneficia os oficiais. E a nossa grande revolta é essa. Se depender desse valor, a Operação Tartaruga vai ser muito pior do que antes”, disse um agente da PM. Com medo de represálias, ele preferiu não se identificar. “O governo acha que estamos brincando. Mas não estamos. E não iremos aceitar essa depreciação da categoria”, sustentou.
O governador Agnelo Queiroz afirmou, em sua última reunião com as categorias, que os reajustes serão pagos com recursos do GDF. “Essa é uma proposta espetacular, que de fato resgata várias distorções, que fortalece a instituição e recoloca nossa polícia na condição da melhor do País”, comemorou.