O rompimento da barragem do Fundão, no município de Ouro Preto (MG), em 2015, deixou marcas na vida dos inúmeros moradores da região que sobreviveram e tiveram que, em meio a perdas e tristezas, aprender na prática o significado da palavra recomeço.
Foi o que aconteceu com a Unidade Cônego Paulo Dilascio – instituição filantrópica mantida pelo Colégio Arquidiocesano, em parceria com a Samarco Mineradora –, que mesmo não sendo atingida diretamente pelo desastre, teve que encerrar o trabalho educacional que desenvolvia com dezenas de crianças. Na época, com cerca de 260 alunos, a escola atendia filhos de funcionários da Samarco que, por sua vez, custeava bolsas de estudo para a comunidade carente próxima à instituição. Além da mensalidade, a mineradora financiava a alimentação, uniformes, livros e transporte dos alunos carentes.
Como o impacto social, pais e antigos funcionários decidiram lutar para que o legado filantrópico da instituição não deixasse de existir. “Eu e uma mãe de aluno, em três meses, resolvemos abrir uma nova escola. Com a cara e a coragem, abrimos com outro nome, mas no mesmo endereço”, conta a professora Jandimare Matos, vice-diretora do Colégio Renascer que, literalmente, renasceu no lugar da antiga Unidade Cônego Paulo Dilascio.
Tanto o Colégio Arquidiocesano, quanto a Samarco ainda estão presentes no Colégio Renascer. O primeiro doou toda a mobília, já a mineradora cedeu o espaço físico sem custos. “Começamos com tudo novo, uma nova história e tentando dar continuidade com a antiga. Conseguimos um número até razoável de alunos, apesar de ter acontecido um grande decréscimo na quantidade de alunos”, conta a professora Jandimare.
A escola é muito procurada por pais que querem matricular o filho que tem alguma dificuldade como autismo, por exemplo. A inclusão social também continua sendo a marca do Colégio Renascer, que procura por meio de patrocínio, parcerias e doações para fazer com que crianças carentes possam estudar na instituição.
Um desses parceiros é o Educa Mais Brasil, programa de incentivo estudantil que oferece bolsas de 50% para a educação básica. “Na mesma sala em que temos filhos de médicos estudando, temos filhos de pessoas que passam até fome. E eles se misturaram e ninguém sabe direito que tem e quem não tem. É um perfil diferente, são valores diferentes que as crianças da nossa escola levam”, comemora a professora Jandimare.
Agência Educa Mais Brasil