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Refugiada no Brasil, haitiana cega se forma em direito e emociona a OAB-DF
Nadine Talleis recebeu nesta sexta-feira (7/12) a carteira da Ordem, emocionando o público com seu discurso de superação
A solenidade de entrega de carteira da Ordem dos Advogados do Brasil foi especial nesta sexta-feira (7/12). Nadine Talleis, uma jovem negra, deficiente visual e refugiada do Haiti, recebeu a certificação e foi a oradora da cerimônia na sede da OAB-DF. A advogada conseguiu a condecoração no mesmo ano em que terminou a graduação em direito, realizando, assim, o que define como “um sonho”.
“Chegar aqui foi uma trajetória muito difícil. Tive que colocar muita dedicação, tive que correr atrás para vencer hoje, mas tudo isso é só o início. A carteirinha da OAB é um sonho e hoje é o começo dele. Quero advogar, me desafiar, começar a carreira jurídica, trabalhando em escritório e construindo minha carreira. E depois vou me naturalizar para conquistar outro sonho, de ser juíza.”
Nadine passou a cerimônia inteira ao lado de pessoas que foram essenciais durante toda essa trajetória inspiradora. A professora da jovem lembrou de todos os esforços da aluna durante a graduação: “Tive o prazer de acompanhar a Nadine e vi o quanto ela era aplicada. Ela não se deixava cair pelos obstáculos e dava um jeito para tudo”, lembrou Estela Cabral.
Agora amigas de profissão, as duas contam que várias vezes passaram a noite conversando por áudio no WhatsApp, para tirarem dúvidas das matérias. Nadine também contava com a contribuição dos colegas de classe para estudar. “Eu gravava todas as aulas para ouvir depois, então precisava de silêncio, e eles faziam, me entendiam”, agradece.
Toda a solenidade foi carregada de emoção, mas a mãe da nova advogada, não conteve as lágrimas. “Desde que a conheci, foi amor a primeira vista. Ela sempre nos inspirou muito em casa, e agora está inspirando tantos outros aqui”, disse. Para 2019, Nadine espera conseguir um emprego e exercer o que aprendeu, mas deixa claro: “Não peço um favor, peço uma oportunidade para demonstrar minha capacidade”, conta Loide dos Santos.
Alan Rios – Especial para o Correio Braziliense – 07/12/2018 12:20 / atualizado em 07/12/2018 14:29
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