Brasília abriga mais de 15 mil presos no sistema penitenciário da capital, desses cerca de 700 são mulheres. Estima se que quatro entre dez delas conseguem uma recolocação no mercado de trabalho. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública do DF. Uma das alternativas para amenizar a dura realidade é “Projeto Borboletas” – programa social desenvolvido pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) destinado a mulheres que cumprem regime semiaberto e medidas protetivas, oferecendo qualificação profissional por meio de cursos de jardinagem e cultivo de mudas.
A parceria firmada entre a Novacap e a Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso (Funap), em março de 2017, já contemplou mais de 100 mulheres que tiveram ou ainda estão com pendência com a justiça. As atividades são realizadas nos viveiros da Novacap que atualmente atende 21 assistidas.
Para que as apenadas participem do programa, elas devem ter bom comportamento, participação em oficinas de capacitação e não reincidência de crimes, além de passarem por entrevistas e avaliação psicológica. Em contrapartida, as selecionadas recebem uma bolsa auxílio, além da redução da pena em um dia para cada três trabalhados.
Reinserção
Maria Aparecida (nome fictício), de 36 anos, é um das contempladas pelo programa. Ela cumpre pena em regime semiaberto. Reingressa do sistema desde 2013, conseguiu o beneficio de trabalhar durante o dia retornando à noite para a penitenciária feminina conhecida como Colmeia.
Ela comenta que antes das oficinas no Viveiro da Novacap, não tinha perspectivas de trabalho, pois já viu várias de suas companheiras voltarem novamente para o crime por não terem uma única oportunidade. “Participar do projeto é ter uma nova oportunidade de vida. Erramos e estamos pagando pelo que fizemos. Todos merecem uma segunda chance e com as aulas de jardinagem e cultivo de mudas aprendemos um oficio”, diz esperançosa.
Janaína Gonzales, técnica agrícola, 40 anos, é a responsável pelas oficinas e por acompanhar o dia a dia das detentas. Ela diz que além de oferecer uma chance das assistidas de aprenderem um ofício, o projeto também contribui para a quebra de preconceitos.
“Temos capacidade de atender 60 mulheres no Viveiro da Novacap. Em um ano de projeto, notamos que as detentas envolvidas nos cursos têm mais chances e perspectivas no mercado de trabalho, além de se sentirem reintegradas ao convívio social”, avalia Janaína.
O presidente da Novacap , Júlio Menegotto, ressalta que o projeto social ajuda a dar oportunidade às mulheres do sistema prisional do DF, além der oferecer a ressocialização e o convívio social. “Muitas destas mulheres são filhas, mães e esposas que em algum momento cometeram deslizes e estão pagando por isso. É dever do estado firmar parcerias e oferecer alternativas para que elas tenham a chance de voltar ao mercado de trabalho”, destaca.
Blog do Callado – 11/04/2018