O olhar mais intensificado das empresas para o universo digital já era algo esperado para os próximos anos. Com a pandemia, no entanto, o movimento foi acelerado, resultando em um boom tanto de novos negócios nascidos no digital, quanto de empresas físicas que tiveram que se adaptar ao formato. O Índice de Transformação Digital Dell Technologies apontou, por exemplo, que 87,5% das empresas brasileiras aceleraram seus projetos de transformação digital em 2020, considerado como o ano do empreendedorismo digital no mundo dos negócios.
Para o administrador de empresas Augusto Barretto, que há dez anos tem trabalhado com maior foco na área de marketing, um dos desafios do atual cenário é a necessidade de adaptação de forma mais veloz. “Não só em relação às pequenas, mas, também, das grandes empresas. O desafio é realmente ter velocidade na adaptação. Conseguir se moldar às novas tecnologias é a chave para ter sucesso no negócio. Isso obviamente foi acelerado pela pandemia, mas era um processo que já vinha em andamento”, explica o profissional proprietário da Done! Agência Digital.
Promovida pela Spark Hero, a pesquisa “Panorama de Negócios Digitais Brasil” apontou que 54% dos empreendedores digitais começaram a empreender durante a pandemia. Criada um pouco menos antes desse período, a marca de moda praia Lia Presenti, da estilista baiana de mesmo nome, foi uma das empresas que tiveram que superar o desafio imposto pelo isolamento social. Vendendo suas peças exclusivamente pela internet, a aposta de Lia foi se concentrar no perfil da loja no Instagram, o @liapresentioficial.
“Criei minha vitrine no Instagram e fui anunciando meus produtos. O empreendimento se popularizou e hoje já somos mais de 94 mil seguidores que ajudam a fortalecer nossa marca e levá-la para vários cantos do mundo. O trabalho é constante, mas confio na nossa qualidade e na equipe que trabalha comigo, isso também é essencial para nosso progresso. Com certeza 2022 promete”, conta a estilista que já vestiu celebridades e teve peças vendidas até nos Estados Unidos e Itália.
De acordo com Augusto, assim como Lia, os empreendedores não devem se omitir para a contribuição da tecnologia e do marketing digital para o avanço de seus negócios. Ele explica que esse é um processo que não tem mais volta. “Em muitos casos, o micro e pequeno empresário têm uma dificuldade em lidar com a tecnologia. Isso muitas vezes está relacionado à própria vontade ou perfil de liderança do empreendedor. Só que não dá mais pra se omitir em relação a isso. O mundo ficou digital e o empresário precisa aprender a usar as tecnologias a seu favor”, destaca.
O profissional ressalta, ainda, que embora o digital tenha mais força no mundo dos negócios, isso não é um sinal de que capital humano esteja sendo posto de lado, ao contrário disso. “A gente não quer que nada disso desapareça, mas, sim, que eles usem todos os seus canais de comunicação, tanto com seu cliente quanto com seu fornecedor, para ganhar produtividade e economizar tempo, por exemplo”, finaliza.
Gerenciar bem para ter retorno em lucros
Seja digital ou totalmente físico. No fim, o que importa mesmo é que todo empreendimento seja bem gerenciado para oferecer lucros. “O empreendedor precisa conhecer seu negócio, entender quem é o público-alvo para adotar medidas assertivas e realizar um gerenciamento financeiro. Um empreendimento, seja virtual ou físico, deve ter um planejamento orçamentário”, destaca Gildenor Leite, administrador e coordenador do curso de Administração da Faculdade Pitágoras Maceió.
Gildenor ainda ressalta que principal diferença é que em uma loja virtual o seu investimento de captação acaba ficando por conta das ferramentas de anúncios em buscadores e nas redes sociais. Neste caso é necessário ter inteligência na hora do investimento. O profissional lista (confira abaixo) as principais dicas para quem quer administrar um negócio digital.
Entenda do mercado digital
Vender em loja física é muito diferente. Por isso, saiba o preço do seu produto para te gerar lucro. Lembre-se que a venda na internet exige outros cuidados como: custo da hospedagem do site, taxa cobrada pelo meio de pagamento que vai escolher, prazo para o dinheiro entrar na sua conta, custo da transportadora, entre outros. Não é que vender on-line seja mais caro. São custos e dinâmicas diferentes que devem ser avaliadas na hora de estipular o preço adequado.
A fachada da sua loja virtual
Lembre-se que o site é a sua loja. Não gaste dinheiro com desenhos ou recursos mirabolantes. Faça algo simples, seguro e que mostre logo de cara aquilo que você tem a oferecer. Um bom site é aquele que vende.
Quem é o seu cliente?
A internet nos permite conhecer o consumidor de forma mais prática. Outra forma de entender melhor o seu consumidor é verificar o que a concorrência está oferecendo, isso ajuda a conhecer os hábitos de compra. Não faça panfletagem por WhatsApp ou nas redes sociais. Ofereça produtos pontuais para aquele cliente que você conhece. Saiba se ele é casado, se tem filhos, mora sozinho, dentre outros detalhes sobre o seu consumidor. Quando você dispara mensagens promocionais aleatórias, elas podem cair na pessoa errada. Ou seja, um potencial cliente a menos.
Logística e estoque no e-commerce
Já que o consumidor não vai até sua loja pegar o produto é importante ficar atento sobre os seus processos de logística. Vai usar os correios? Vai optar por uma empresa terceira? Irá atender todo o território nacional? Segundo uma pesquisa realizada pelo Sebrae sobre as principais dificuldades de gestão de um e-commerce, a logística foi apontada como o segundo maior obstáculo encontrado na administração do comércio virtual. A carga tributária ficou em primeiro lugar.
Dicas de plataformas de negócios
Existem sites que estão prontos para anunciar e vender o seu produto. Eles são chamados de marketplaces. A maioria deles é gratuita. Neles é possível criar a descrição de um produto, colocar fotos e fazer negociações. Não esqueça de olhar se há taxas cobradas na hora da venda.
Planilha de custos
Um dos maiores erros de empreendedores iniciantes é misturar o orçamento pessoal com o de seu negócio. Tirar dinheiro do caixa da empresa para cobrir gastos pessoais pode parecer normal, mas pode ser fatal. Para não cometer esse erro, estipule uma remuneração baseada não apenas no que você precisa para viver, mas também na saúde do seu negócio. Por isso, controlar a planilha de custo é algo crucial para o sucesso da empresa e da sua qualidade de vida.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil
Você precisa fazer login para comentar.