Ambiente tóxico de trabalho, alto volume de demandas para dar conta e assédios são alguns dos problemas na rotina do trabalhador que pode gerar um estresse crônico, resultando em prejuízos à saúde e ao cumprimento das atividades. Ao conjunto de sintomas apresentado pelo indivíduo, o profissional em saúde mental pode dar o diagnóstico de síndrome de burnout.
Pouco falado até meados da pandemia, a Síndrome de Burnout foi um dos transtornos mentais que se destacou nesse período, sobretudo pela mudança de ritmo de trabalho imposta para algumas pessoas. As dúvidas sobre a questão foram tão intensas que as buscas pelo termo “burnout” no Google cresceram em 2021, atingindo popularidade máxima de 100%. A procura por testes para essa síndrome aumentou em mais de 400% no ano e o interesse por saber mais os sintomas da síndrome de burnout aumentou repentinamente ficando no topo das pesquisas sobre o assunto no Google Trends.
“A pessoa com burnout não sente vontade de levantar da cama para trabalhar, além de poder apresentar dor de cabeça e ansiedade, a autoestima fica baixa, o indivíduo deixa de acreditar em si e no seu potencial. É uma síndrome que tem relação com o trabalho”, explica a psicóloga clínica e doutora em Medicina, Sívia Cal.
Com duração indeterminada, que varia em cada pessoa, a síndrome precisa ser tratada a fim de evitar uma evolução e maior prejuízo na saúde do indivíduo. Após a confirmação do diagnóstico, é necessário acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra, quando for o caso, e terapia.
“Artigos recentes focados em burnout têm falado muito da meditação como auxílio para a eficiência do tratamento da síndrome, principalmente o mindfulness. Existem aplicativos, livros e cursos que ensinam a meditar e temos percebido que realmente ajuda no tratamento, aliado com o acompanhamento psicológico”, reitera a psicóloga.
Burnout passa a ser doença ocupacional
Diante da crescente solicitação de licença devido à doença, no início desse ano a Síndrome de Burnout entrou em vigor na nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS), a CID 11, caracterizada como “estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso”. Na prática, a mudança reconhece a síndrome como uma doença relacionada ao trabalho e facilita o reconhecimento pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do direito ao afastamento do trabalhador por doença ocupacional.
Na opinião da psicóloga Sílvia Cal, “burnout realmente é uma doença ocupacional”. Para a profissional, muitas empresas focam na produtividade, mas esquecem que isso sem saúde mental não é importante e deixa vulnerável a própria instituição. “Em contrapartida, é fundamental que nesse processo o trabalhador avalie como está seu estilo de vida, o que pode melhorar e ter uma vida mais saudável”, salienta.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil