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Parque da Prainha do Gama – um problema que não se resolve
Pouco depois de surgir no cenário nacional, o Distrito Federal ganhou seu primeiro parque ecológico, criado em 1961, no Gama. A entrada era gratuita e os frequentadores tinham à disposição 744 hectares de área verde, tanques de água corrente, um córrego cristalino e muitos pontos de cerrado intocado. Durante mais de 40 anos, gente de todas as cidades próximas passou por lá em busca de sombra e água fresca. Desde 2002, porém, o espaço caiu no esquecimento. O governo pretende revitalizar o parque e, segundo o Instituto Brasília Ambiental (Ibram), há um plano de manejo ambiental. Até que saia definitivamente do papel, o Parque Recreativo do Gama, popularmente conhecido como Prainha, continuará a ser o resquício de um cenário paradisíaco arruinado pela poluição, pela falta de segurança e pelos problemas fundiários que marcam o DF.
Na memória de moradores antigos da região, a Prainha de outrora era um ponto de encontro dos moradores. Com árvores frondosas e areias brancas, possui um rio, que a margeia, com uma água puríssima em que dava para ver uma moeda no fundo do córrego. O córrego alagado.
Em meados de 2002 a “Prainha”, chegou a funcionar como clube. O empresário que passou a explorar o local melhorou a estrutura do restaurante, da lanchonete, reformou e instalou uma bomba nas duas piscinas e criou um canal de escoamento para que as águas das piscinas fossem vertidas para o Córrego do Alagado. Mas uma varredura nos contratos, feita pela Secretaria de Administração de Parques e Unidades de Conservação do DF, Com parques, então responsável pelo local, considerou o contrato ilegal. Ao perder a concessão, o empresário retirou boa parte das melhorias que implementou. A administração do parque voltou para as mãos do governo e nenhuma reforma na infraestrutura foi feita desde então. Hoje tudo se encontra em completo estado de abandono e não mais se pode frequentar o parque com segurança. A área das piscinas não passa de um mausoléu a céu aberto as demais construções, sem manutenção, seguem sendo vencidas pela força da natureza.
De área de laser a um lugar com eminente perigo à vista
Quem cruza a guarita, completamente depredada e pichada, tem de enfrentar uma estrada de terra esburacada, em meio ao mato alto que cerca a reserva. Apenas as trilhas ecológicas e o Centro de Educação Ambiental, que recebe alunos, professores e pesquisadores, estão disponíveis. As piscinas estão secas, o córrego exala mau cheiro e, como o parque se situa na divisa entre DF e Goiás, é afetado pela criminalidade dos bairros limítrofes. Ali virou um ponto de desova de veículos, assalto e tráfico de drogas e até serve para a prática de sexo. Os funcionários do pouco que resta em algum funcionamento no Parque da Prainha recomendam que ninguém circule sozinho pela mata. É muito perigoso. Para piorar ainda mais a situação, não bastasse o abandono do parque, a área de reserva biológica do Gama, próxima a Prainha, está sendo invadida por posseiros.
Soluções a vista?
Há um plano do governo do Distrito Federal para revitalizar toda aquela área, porém o que se vê é que nada sai do papel. Sem avanço quem toma lugar é o abandono, a mata, a criminalidade e os grileiros.
No plano já elaborado pelo GDF há, inclusive, a realização de um trabalho para retirar as invasões da área de reserva biológica. As construções seriam revitalizadas e novas vias de acesso seriam abertas, dentre outras tantas coisas. Na verdade há muita conversa fiada e pouca ação concreta.
De água boa a ruim
A qualidade da água também preocupa a todos os envolvidos nesse imbróglio chamado “Prainha”. Especialistas tem atribuído problemas na água do Alagado a unidade fabril de bebidas da AMBEV, que andou despejando substâncias no afluente do córrego. Ao Presídio Feminino do Gama, Colmeia, que elimina despojos no local. E, também, à Estação de Tratamento de Água e Esgoto (ETE) de Santa Maria, construída bem próxima ao córrego Alagado.
Com relação a essa última questão, da ETE, segundo a Caesb a Estação de Santa Maria faz tratamento em nível terciário. Um processo que, além de retirar dejetos orgânicos e matéria em suspensão na água, elimina as algas.
Hoje, com relação ao córrego a situação melhorou muito, pois tanto a cervejaria quanto o presídio ajustaram seus sistemas e lançam apenas esgoto tratado no córrego, com impacto reduzido ao meio ambiente. Há quem defenda que o córrego alagado retornou à vida, há peixes, o nível de oxigênio esteja alto.
De fato, a AMBEV fez um evento em prol da despoluição do córrego Alagado e seu afluente. O evento aconteceu no Clube Social da unidade fabril do Gama, que fica bem ao lado. Na ocasião foram plantadas mudas de árvores do cerrado por todos os presentes. A equipe do Gama Cidadão foi lá para conferir de perto o evento e também plantou dois pés de árvores nativas.
Conclusão: o parque sai ou não sai?
Apesar de já existir o projeto do Parque da Prainha, até o momento nada saiu do papel. Da parte do GDF é um tal de projeto pra cá, pra lá e nada acontece. A Administração do Gama também nada faz, a não ser entrar na onda da morosidade do GDF. Enquanto isso todos aqueles que lutam pelo parque tem de matar um leão por dia para que toda aquela reserva não sucumba do mapa do DF, ficando apenas na memória daqueles que um dia vivenciaram vida naquele local.
Ah e não pensem vocês que é só a Prainha que sofre com descaso e morosidade não. O Parque Vivencial Urbano do Gama segue o mesmo caminho. Até quando os moradores do Gama e região vão ter que conviver com todo esse descaso?
O Portal Gama Cidadão segue firme nessa junto a essa luta pela consolidação destes tão importantes parques. E não é de hoje que estamos tratando desse assunto. Confira mais abaixo outras matérias realizadas pelo Gama Cidadão.