Inteligência artificial contra a dengue
Três alunas do Centro de Ensino Médio Integrado do Gama (Cemi) ganharam a medalha de prata na Competição Internacional de Ciência, Tecnologia e Engenharia (ISTEC), na Indonésia, por um projeto de combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus da dengue. Elas desenvolveram um sistema baseado em inteligência artificial que prevê o aparecimento de casos da doença em quatro regiões do DF.
O trabalho Análise dos Fatores Contribuintes na Proliferação de Mosquito Aedes aegypti com Uso de Inteligência Artificial foi desenvolvido pelas estudantes Bianca de Azevêdo Ribas, Cristiane de Andrade Coutinho e Iasmim Rodrigues Melo. O professor orientador do estudo, Matheus Lima, é ex-aluno do Cemi do Gama e atualmente é voluntário em projetos da escola.
Elas analisaram dados da doença com objetivo de identificar quais seriam as relações entre as variáveis analisadas — temperatura e umidade, nível de saneamento básico e infraestrutura — para desenvolvimento da doença.
Com esses dados nas mãos, as jovens constataram qual a relação entre tais condições com o número de casos prováveis de dengue. Criaram, então, um sistema que processa os dados e aponta onde há mais probabilidade de a doença surgir.
Cristiane e Iasmim apresentaram o estudo em inglês durante videoconferência para os examinadores do ISTEC. Elas cursam a língua estrangeira em um dos Centros Interescolares de Língua (CIL) da rede pública.
Como funciona
A urgência do combate à dengue foi a principal motivação das pesquisadoras. A ideia final era construção de um sistema que pudesse prever futuros casos e dessa forma ajudar o governo a fazer um combate mais efetivo e específico da dengue.
No DF, em 2018 eram 4.075 casos de dengue, e em 2019, passou para 50.449, um aumento de mais 1000%. Esses dados da Secretaria de Saúde do DF foram utilizados como referência no projeto das estudantes do Cemi. O recorte utilizado na pesquisa foram as regiões administrativas: Gama, Planaltina, Paranoá e Brazlândia.
O estudo concluiu que as cidades com piores índices de infraestrutura são as de maiores números de casos prováveis. O sistema de inteligência artificial para a previsão de novos casos poderá receber informações constantemente para se manter atualizado.
A ideia é alimentar um sistema de processamento de dados e ensiná-lo a formular análises. Assim, o usuário pode realizar uploads e receber a previsão de casos de dengue nos dias ou meses subsequentes.
A partir dos dados desse sistema, as estudantes esperam que seja possível atuar mais na prevenção e redução de casos de dengue no DF.
Reconhecimento
O trabalho também foi premiado na edição de 2020 da FeNaDANTE, que é uma feira de projetos de ciências e tecnologia que divulga pesquisas de pré-iniciação científica desenvolvidas por estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio, de escolas públicas e particulares de todo o Brasil. Elas haviam vencido também uma das feiras de ciências organizadas pelo próprio Cemi do Gama.
*Com informação do Correio Braziliense – 10/04/2021 14:43