Apesar dos índices do analfabetismo no Brasil terem melhorado, o país ainda convive com 11,3 milhões de pessoas analfabetas, o equivalente a 6,8% dessa população, segundo o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dentre os diversos problemas que levam a esse resultado, a desigualdade social dificulta o acesso à leitura. Assim, em muitas residências brasileiras os livros ainda são raros. No entanto, na contramão da pesquisa, a graduada em Letras, Márcia Mendes, atua com o propósito de possibilitar a leitura para mais pessoas.
Formadora de docentes da rede estadual de ensino e mestranda em Ensino pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), Márcia Mendes teve acesso aos livros tardiamente. Apesar de não ter tido livros em casa, ela sempre foi ‘apaixonada’ pela literatura e cresceu motivada a modificar a realidade de muitos brasileiros por meio da leitura.
A baiana nasceu em uma família humilde, na Região Metropolitana de Salvador, e só tinha acesso aos livros na escola. Ciente da importância da educação como mecanismo de transformação social, Márcia criou, em 2017, o projeto “Um livro para chamar de meu”.
Durante os eventos infantis que participa, a educadora percebeu que muitas crianças, assim como ela na infância, não tinham livros. Comovida, ela criou uma ação em que recebe os exemplares de amigos, outros educadores e de editoras e os doa em escolas, feiras literárias e rodas de conversa.
“Eu recolho doações no trabalho, recebo de escritoras parceiras, livrarias, carrego dentro da bolsa e sigo distribuindo. Não existe um local específico. Entrego para as crianças em escolas e diversos lugares”, conta.
Márcia foi convidada para realizar uma contação de histórias na rede de educação básica, em dezembro do ano passado, em uma escola municipal da Bahia, onde deverá retornar para entregar muitos livros e fazer uma roda de diálogo sobre a consciência negra, a pedido das próprias crianças. Na ocasião, a escritora irá presentear as crianças com o seu mais novo título A gata que não era xadrez.
Além do exemplar citado, Márcia tem outras duas obras já publicadas: Dandara, cadê você? e Quem é Amora? Em seus livros, ela incentiva o protagonismo dos pequenos leitores. “Em todos os meus livros priorizo espaço em branco para que eles possam reescrever a própria história, para que possam descobrir seu potencial criativo e de escrita”, explica.
Fonte: Agência Educa Mais Brasil
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