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Mocidade do Gama Pede Socorro

Escola de Samba do Gama agoniza há anos sem espaço e perdeu R$ 55 mil em patrimônio num único sábado

Por Juan Ricthelly

Em 14 de novembro de 1985, na cidade do Gama/DF, nasceu o Grêmio Recreativo Escola de Samba Mocidade Independente do Gama, resultado da união de forças do agrupamento de pessoas do Bloco Laranja Mecânica (charanga de pagodeiros e torcedores time do Gama), do Bloco Perdido no Mar (Marinheiros da Área Alpha) e do Bloco do Antônio Preto, da 7 do Setor Sul com o Grêmio Recreativo Escola de Samba Independentes de Brasília.

Desde a sua fundação a Mocidade do Gama nasceu grande, ocupando um lugar entre as escolas de samba protagonistas do carnaval do Distrito Federal, apadrinhada desde o berço pela Mocidade Independente Padre Miguel do Rio de Janeiro e pelo bicheiro Castor de Andrade, que doou para a escola 50 dos 70 instrumentos que compunham a bateria, vindo pessoalmente prestigiar o surgimento daquele importante instrumento de promoção da cultura popular.

Ao contrário de boa parte das outras escolas de samba do DF, a Mocidade do Gama possuía sede própria, localizada no antigo Estádio Bezerrão, contando com o barracão e quadra que existiram até o ano 2007, dando lugar ao novo Bezerrão que foi construído no Governo Arruda.

Num acordo formalizado por meio de uma nota de empenho entre o GDF e a diretoria da Mocidade, ficou estabelecido que a perda da sede seria compensada em outro momento, promessa essa que se perdeu com o passar dos anos e gestões, não sendo cumprida até o presente momento.

Despojada de seu lar em razão desses acontecimentos, ali a Mocidade do Gama iniciaria uma ‘via crucis’ que infelizmente ainda não chegou ao fim, sem o seu barracão e sua quadra, onde guardava seus pertences e realizava seus ensaios, a escola viu parte de sua história se perder entre um endereço e outro que serviu como depósito temporário de documentos, troféus, fotografias, fantasias e carros alegóricos.

No último sábado (27/07) mais um capítulo dessa triste história foi escrito, dessa vez com o fogo de um incêndio que não sabemos se foi criminoso ou acidental, na propriedade de um depositário conhecido como Adelino dos Bois, onde costumam ocorrer as festas de rodeio do Gama.

Um Boletim de Ocorrência foi feito com o propósito de se investigar as reais causas desse incidente, mas o fato é, dos carros alegóricos da Mocidade do Gama que lá estavam, só restam suas estruturas metálicas carbonizadas, totalizando um prejuízo estimado de R$ 55 mil segundo a presidente da agremiação.

O que ainda resta de patrimônio da Mocidade do Gama se encontra guardado num pequeno apartamento em Valparaíso, os ensaios ocorrem no agonizante Espaço Cultural Galpãozinho, e a peregrinação em busca de um espaço definitivo segue em aberto, mas diante dos últimos acontecimentos é chegada a hora da comunidade exigir que o poder público cumpra o que foi prometido lá atrás.

Invasões proliferam todos os dias sem que nada seja feito, para alguns anos depois serem legalizadas e reconhecidas pelo Estado, de modo que nos perguntamos: Qual a dificuldade de se conseguir um terreno ou espaço público abandonado para ser a sede da Mocidade do Gama?

Com esse propósito o Conselho Regional de Cultura do Gama (CRCG) e a Mocidade do Gama convocam um ato em apoio à escola de samba do Gama, que ocorrerá no próximo dia 10/08 às 10h em frente ao Estádio Bezerrão, iremos exigir ao GDF e à Administração Regional do Gama um posicionamento claro a respeito desse descaso que perpassou todas as gestões desde o Governo Arruda, e que está destruindo um patrimônio histórico e cultural da nossa cidade.

 

 

 

 

 

 

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Israel Carvalho

Israel Carvalho é jornalista nº. DRT 10370/DF e editor chefe do portal Gama Cidadão.

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