Entrevista
Entrevista com o Senador Rodrigo Rollemberg
O Senador Rodrigo Rollemberg concedeu esta entrevista ao Blog do Cafezinho mostrando que não tem papas na língua.
O senador fala do rompimento com o governo do PT-DF, o caos no transporte público, eleições e possíveis alianças. Leia abaixo.
1.Quais as principais dificuldades que o senhor encontrou ao assumir o mandato como senador?
Rodrigo Rollemberg – O Senado é uma Casa de pessoas muito experientes, como ex-ministros de Estado, ex-governadores, ex-presidentes da República. Então, procurei primeiramente conhecer a Casa. Só fiz meu primeiro pronunciamento 60 dias após minha posse. Mas depois disso encontrei um ambiente de muito diálogo, muito entendimento, muito aprendizado. Creio que, ao final do meu terceiro ano como senador, posso afirmar com humildade que estou fazendo um bom mandato em defesa da população do Distrito Federal. …
2.Como um senador pode exercer seu mandato e, ao mesmo tempo, ter uma atuação próxima da população?
Rodrigo Rollemberg – Entendo que um bom exercício do mandato exige necessariamente estar próximo da sociedade. É a sociedade que nos oxigena, que nos reanima, que nos atualiza em relação aos seus problemas, seus desejos e suas aspirações. Tenho orgulho de dizer que depois de exercer duas vezes o mandato de deputado distrital, de ter sido secretário de Turismo, de ter sido secretário de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério da Ciência e Tecnologia, de ter sido deputado federal e ter assumido no Senado, continuo mantendo os mesmos hábitos que sempre mantive. Frequento os mesmos lugares e com isso estou sempre me atualizando em relação aos desejos da população do DF.
3.Brasília tem sofrido com vários problemas, principalmente das áreas de Saúde, Educação, Segurança e Transporte. Como o senhor, juntamente com seus pares no Senado, pode ajudar a população?
Rodrigo Rollemberg – Temos procurado ajudar. Além dos recursos destinados ao DF anualmente, apresentei vários projetos de interesse de nossa população. Na área de segurança pública, ainda quando era deputado federal, tive uma participação importante na aprovação do Plano de Cargos e Salários da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do DF. Aprovamos esta semana no Senado o Plano Nacional de Educação. Apresentei emenda ao projeto para garantir a continuidade do funcionamento dos Centros de Ensino Especial e das Apaes para receber os alunos com deficiência. Graças ao nosso trabalho no Congresso Nacional, conseguimos aumentar em R$ 500 milhões os recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) para 2013. Também destinamos grande parte das emendas da Bancada do DF para a saúde. E buscamos fiscalizar a boa aplicação dos recursos públicos. São alguns exemplos que demonstram que estamos atentos aos anseios da população, especialmente nessas áreas, que são fundamentais.
4.Seu partido abandonou a base de apoio ao Governo Agnelo. Há possibilidade de o PSB lançar candidato ao governo do DF em 2014?
Rodrigo Rollemberg – O PSB terá candidato ao Governo do DF em 2014. Essa é uma decisão já tomada pelo PSB no âmbito do DF e no âmbito nacional. Estamos nos preparando para isso. Desde o início do ano, temos 12 núcleos temáticos funcionando e procurando conhecer com profundidade os problemas do Distrito Federal, e construindo alternativas de políticas públicas que possam melhorar a qualidade de vida de nossa população. Além disso, já realizamos três seminários “DF em Debate”, reunindo conjuntos de cidades do DF, para discutir programas de governo com os moradores. Por fim, enviamos um grupo de quatro pessoas para conhecer o modelo de gestão do Governo de Pernambuco, um dos melhores avaliados do País, que voltaram impressionados com a gestão de Eduardo Campos.
5.Por quais motivos o PSB saiu da base do Governo Agnelo?
Rodrigo Rollemberg – Pela prioridade de alianças com grupos responsáveis pelo atraso no Distrito Federal, a péssima qualidade administrativa e política, o que está expresso no baixíssimo nível de aprovação do Governo Agnelo. Discordamos da forma e do conteúdo deste governo. Não nos sentimos representados pelo Governo Agnelo.
6. Caso o senhor seja escolhido como o nome de consenso como candidato ao governo, aceitaria fazer aliança com partidos de esquerda e de direita, formando uma grande frente pluripartidária?
Rodrigo Rollemberg – Nós queremos construir uma aliança no Distrito Federal em torno de um programa. Uma aliança que reúna as pessoas de bem. Estamos focados e confiantes de que conseguiremos construir esta aliança, com um conjunto de partidos, com o protagonismo exercido por pessoas reconhecidamente de bem.
7. O transporte público da cidade está um verdadeiro caos. Na sua opinião, quem é ou quem são os culpados pelo problema?
Rodrigo Rollemberg – Os responsáveis são muitos. O problema do transporte público se agravou em função da omissão de diversos governos e da irresponsabilidade de empresários que atuam há anos em nossa cidade sem que o governo exerça seu papel fiscalizador. As mudanças que estão sendo feitas atualmente pelo GDF são pontuais, se limitam à troca dos ônibus e não tratam da questão estrutural. A solução para o transporte do Distrito Federal está nos trilhos, na implementação de veículos leves sobre trilhos nas diversas regiões do DF. Entretanto, o governo continua investindo numa velha solução, que são os ônibus convencionais.
8.O senhor é autor do substitutivo que cria a Lei Geral dos Concursos Públicos. O texto já foi aprovado pelo Senado e agora será analisado pela Câmara dos Deputados. Qual a importância desta lei?
Rodrigo Rollemberg – Esta lei define regras claras e transparentes para a realização de concursos públicos, com o objetivo de dar mais tranquilidade e segurança jurídica para milhões de concursandos em todo o Brasil, que investem tempo, dinheiro e suas esperanças para ingressar no serviço público.
9.O senhor foi um dos grandes defensores do voto aberto no Congresso Nacional. A proposta aprovada não determina o voto aberto em todas as votações, mas nos casos de cassação de parlamentar e de veto. Mesmo assim, foi uma vitória?
Rodrigo Rollemberg – Tivemos um avanço ao implementar o voto aberto nesses dois casos. Entendo que a população quer transparência. As pessoas querem e têm o direito de saber como votam seus representantes no Congresso Nacional. Por isso, defendi e defendo o voto aberto em todas as modalidades de votação.
10. Recentemente, dois administradores regionais do DF foram presos. Os episódios trazem à tona a discussão sobre a escolha dos administradores. Recentemente, foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça do Senado a sua Proposta de Emenda à Constituição que implementa as eleições diretas para administradores regionais, ideia que o senhor defende há muitos anos. Por quê?
Rodrigo Rollemberg – Está claro que o modelo adotado pelo GDF para a escolha dos administradores regionais está equivocado. Os administradores servem mais aos deputados distritais que os indicam do que ao conjunto da população. Muitos dos administradores sequer moram nas cidades que administram. Defendemos eleições diretas para a escolha dos administradores regionais. E também a criação de uma carreira para as administrações, com servidores selecionados por concurso público, pessoas qualificadas que possam atuar com agilidade e com critérios técnicos para atender bem aos moradores das cidades, sem privilegiar nenhum grupo político. Acredito que as eleições diretas para os administradores são uma forma de aprofundar a democracia no DF. É inadmissível que, em pleno século 21, os administradores regionais sejam indicados pelos deputados.
11. Além desses projetos, o senhor foi em 2013 o líder do PSB no Senado. Qual o balanço o senhor faz dessa liderança?
Rodrigo Rollemberg – Entendo que o PSB foi o partido que mais cresceu do ponto de vista qualitativo em 2013. Fomos o único partido que votou unido pela renovação na presidência do Senado, apoiando o senador Pedro Taques (PDT). Depois tivemos um protagonismo com o ingresso de um mandado de segurança no STF contra um projeto de lei casuístico que visava impedir a criação da Rede Sustentabilidade. Isso acabou contribuindo para que a ex-senadora Marina Silva ingressasse no PSB, o que ocorreu em outubro e foi o grande fato político do ano. E nesta semana, tivemos a filiação da ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Eliana Calmon. Tivemos também uma atuação expressiva na aprovação do voto aberto. Dos partidos que ainda não estavam decididos, o PPS já se decidiu nacionalmente pelo apoio ao PSB. No início do ano, havia muitas dúvidas sobre a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da República. Terminamos 2013 com a certeza de que o PSB cresceu qualitativamente e de que Eduardo Campos é um candidato extremamente qualificado e competitivo.