Em 2013, a jornalista Lidiane Mendes ,43 anos, conhecida como Kaliandra do Cerrado, procurava um local tranquilo e silencioso para estudar. Andando pela capital do país, encontrou uma vaga no estacionamento em frente à Câmara Legislativa, sob várias árvores, e decidiu estacionar a Kombi dela por ali mesmo. Espalhou os livros e deu início aos estudos para a segunda graduação em direito e concurso público.
No início, o automóvel era apenas um local calmo de estudo para Lidiane. Após a morte do namorado, José Virgílio, que sempre a incentivou em seus projetos, Kalianda se sentiu sozinha e teve a ideia de transformar a Kombil em um pequeno espaço de leitura comunitária. “Com a morte dele, passei a dedicar 100% do meu dia aos livros e assim me senti preparada a fazer este projeto dar certo. Senti as minhas forças renovadas”, relata.
Com a ajuda dos amigos, aos poucos o local foi ficando da forma que Lidiane sonhava. O artista plástico candango Dani Toys grafitou a Kombi e o lavador de carros, Nelsi Messias, 67 anos, conhecido como Carioca, ajudou na decoração.
A proposta principal do projeto é incentivar a leitura entre adultos e jovens. Receber e doar livros é apenas uma consequência. Lidiane mantém um número considerável de exemplares no acervo, entre eles: livros, revistas, gibis e enciclopédias. Uma grande parte dos livros é da área jurídica, herdados do ex-namorado.
Atualmente, a Kombi do Livro recebe cerca de 15 pessoas diariamente, para pegar, doar livros e bater um papo com Kaliandra. Ela conta que está com vários planos para aumentar a visibilidade do projeto: “Tenho um canal no Youtube chamado Acesso Brasil e vou dedicar todo o conteúdo voltado à leitura. Participo também de uma rádio web sobre empreendedorismo de brasileiros no exterior e sempre falo sobre a importância de leitura. Agora, quero trazer convidados à Kombi para saraus, chás de tarde e leilões”, afirma.
A rádio web em que Kaliandra é voluntária leva o nome de acesso.com, e ela relata que a plataforma já chegou a 1 milhão de acessos e pretende começar a gravar o programa na kombi.
Além de traçar planos para o seu projeto de leitura comunitária, Kaliandra do Cerrado pensa em caminhos acadêmicos. Está em busca de iniciar mestrado na área jurídica.
A Kombi de Leitura funciona todos os dias, das 9h às 18h, no estacionamento em frente à Câmara Legislativa (SIG, Quadra 2).
“É necessário que as pessoas entendam o valor do conhecimento e precisam ter a percepção de que, sem estudo, a gente não lê, não escreve e não conhece culturas diferentes. A importância de leitura é primordial, como tomar banho todos os dias”, finaliza a jornalista.
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