Rafael Fadul participa da campanha promovida pela escola |
Com o inverno chegando, os termômetros descem e quem mais sofre é quem não tem como se aquecer nesta época do ano. Na tentativa de amenizar o sofrimento, principalmente, de quem tem a rua como morada, voluntários arrecadam vestimentas e cobertas para entregarem a pessoas em condição de vulnerabilidade social. Em diversos pontos de Brasília, campanhas de arrecadação de agasalhos mobilizam a população.
No Guará, Cláudia Cilene da Silva, 47 anos, diretora de um colégio particular, ficou sabendo, por meio de redes sociais que alunos do Centro de Ensino Fundamental 2 da Cidade Estrutural enfrentavam dificuldades em casa devido ao frio, o que afetava o rendimento escolar dessas crianças. Ela decidiu movimentar o corpo docente da instituição para organizarem uma campanha de arrecadação com a participação dos alunos e da comunidade local.
“Fiquei sabendo, por uma professora, que pela falta de cobertas, essas crianças não dormiam bem à noite. Com isso, o rendimento escolar delas era afetado. Nos sensibilizamos e mobilizamos cerca de 370 alunos para arrecadar as vestimentas. Muita gente ajudou, e isso me deixou feliz”, conta Cláudia.
“Mais do que um ato de cidadania, esse tipo de doação representa amor ao próximo.” É assim que Elaine Starling define o projeto organizado pela Ordem Nacional dos Advogados do DF (OAB-DF). Conselheira seccional e coordenadora da campanha, ela conta que no ano passado mais de 2 mil peças foram arrecadadas e doadas para pessoas em situação de rua. Agora, a meta é dobrar o número de agasalhos a serem coletados. “Para isso estamos fazendo parcerias com supermercados locais, faculdades, escolas e espalhando pontos de coleta por todo o DF. É muito importante essa mobilização porque ajuda muito as pessoas que sofrem e estão nas ruas”, ressalta.
Hoje, o auxiliar em serviços gerais Eduardo dos Santos Araújo, 43, conta que viveu nas ruas e sobrevivia apenas das doações. O que recebia representava mais do que um objeto indesejado de quem dava. “As pessoas não enxergam a importância desses casacos e cobertas que não usam mais. Só quem recebe e sabe o que é passar frio ao relento entende o tamanho do significado dessas peças”, assegura.
Colaborações
Com a ajuda de amigos e casas de apoio, ele voltou a trabalhar e tem um teto para se abrigar. Agora, busca sempre colaborar da maneira que pode. “Eu não ganho muito, mas é o suficiente para as minhas despesas. Toda vez que sobra algum dinheiro eu compro alguma coisa para dar aos colegas que ainda estão nas ruas, e nesta época do ano quero ajudar com coberta, porque o frio não brinca e castiga”, diz.
Foi pensando em pessoas que vivem em estado de vulnerabilidade e não têm como se proteger do frio que a odontologista Ianara Pinho idealizou o projeto Amor Aquele. Ela arrecada casacos, calças, meias, luvas e cobertores para doar às pessoas em situação de rua. Para colaborar, basta levar os agasalhos ao ponto de coleta, em Águas Claras, até o fim de julho (veja Onde doar).
Para incentivar o desapego, a sorveteria Stonia Ice Creamland está trocando um casaco ou cobertor por sorvete, até 30 de junho. Quem levar a peça em uma das lojas, de segunda a sexta, ganha um Gelato Classic. A campanha ocorre em todas as lojas da rede.
Além de entregar o que estiver sobrando em casa nos postos de coleta, é possível fazer a diferença por conta própria. Uma campanha que circula nas redes sociais pede que as pessoas deixem blusas de frio, sapatos e cobertores que não usam mais dentro do carro ou da bolsa. Assim, quando passar por alguém que esteja sem nenhum agasalho, é só entregar. A campanha foi adotada por brasilienses como a estudante Thamires Magalhães, 23. “Uma amiga me falou que estava doando dessa forma. Eu achei legal e decidi fazer o mesmo. Entreguei casaco para duas famílias que estavam nas ruas, uma em Samambaia e outra em Taguatinga”, conta. Onde doar
Asa Sul
Em parceria com o Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília, o escritório Wagner Advogados Associados arrecada roupas e sapatos. Mais informações:
ou
Sorveteria Stonia, 405 S, Bl B, Loja 22
Guará
Interessados em ajudar alunos do Centro de Ensino Fundamental 2 da Estrutural podem levar agasalhos e cobertores ao Colégio Adventista, no Guará. Endereço: Área Especial EQ 15/17, lote A, s/n. Telefone:
Ceilândia
Campanha Ceilândia sem frio tem cinco pontos de coleta até 15 de junho.
Administração Regional (QNM 13, Módulo B), Feira Central (CNM 2, Ceilândia Centro), Feira do Produtor (QNP 1, Setor Habitacional Sol Nascente), Junta Militar (EQNN 2/4), Komodo Crossfit (QNN 3, Conjunto A, Loja 34). Telefone:
Asa Norte
Com o slogan Sua doação aquece uma vida, a OAB-DF recebe os agasalhos até 28 de junho, no seu edifício-sede (516 N), nas salas de apoio aos advogados, subseções, Caixa de Assistência dos Advogados, Terminal de vans, além das salas do fórum de Taguatinga, Gama, Samambaia, Brazlândia, Núcleo Bandeirante e Sobradinho.
Sorveria Stonia, 109 N, Bl C, Loja 55.
Águas Claras
Stonia Ice, Shopping Metrópole.
Projeto Amor Aquele. Coleta na clínica Ianara Pinho. Edifício Max Mall, Rua 7 Norte, lotes 03/05/07, Loja 21.
Campanha O Amor Aquece. Doações podem ser entregues na Rua 7 Norte, das 8h às 19h, todos os dias.
Campanha do Agasalho Mães Amigas 2018, Avenida das Araucárias, na loja Mamãe Sabe Tudo, todos os dias.
Sudoeste
O Centro de Ensino Candanguinho (Cecan) mobiliza pais e alunos para doarem agasalhos para famílias necessitadas.
Superquadra Sudoeste 303/304.
Sorveteria Stonia, CLSW 100, bloco A, lojas 7/8. SIA
A Ferragens Pinheiro recebe doação para serem distribuídas em Santa Luzia, na Cidade Estrutural. Local de coleta: SIA trecho 2/3, em frente ao Sebrae.
Por Renata Nagashima – Correio Braziliense – 07/06/2018 – 09:22:32
Estagiária sob supervisão de Margareth Lourenço (especial para o Correio)