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Daniel Guaidó e a representatividade

Significado de autoproclamar

Fazer o anúncio de uma deliberação ou decisão que foi tomada sem ter em consideração os demais, de uma maneira unilateral.

Numa democracia convencional, um grupo de pessoas se mobiliza politicamente por meio do voto e escolhem os seus representantes. Não o contrário.

Caso ainda assim alguém ouse se autoproclamar como representante de um grupo, comunidade ou segmento, não terá legitimidade perante os representados, poderá até ser um representante de direito, mas não de fato.

Juan Guaidó virou piada internacional ao se colocar nessa situação, ao subir num caixote de supermercado e se autoproclamar como Presidente da República Bolivariana da Venezuela.

Por mais que tenha obtido o reconhecimento de 50 países, dentre eles alguns dos países mais poderosos do mundo, o povo não o reconhecia, ele tampouco tinha qualquer condição de dar ordens e ser obedecido por qualquer instituição do país que presidia.

O ator José de Abreu com a sua piada de se autoproclamar como presidente do Brasil, talvez tenha tido muito mais apoio popular que o seu par venezuelano.

No Gama, DF, temos a situação inusitada de um deputado que se autoproclamou como representante da cidade e de seus moradores, mesmo com a obtenção de apenas 474 votos na cidade dentro de um universo de 9.128 que recebeu, somando-se a isso, o fato de não morar na cidade e não possuir qualquer histórico de atuação política junto à comunidade anterior à sua eleição.

Chegou de sola na Administração Regional do Gama, após um episódio lamentável na CLDF, onde desqualificou politicamente a então administradora Juliana Navarro, a chamando de “administradora de merda” e sugerindo que ela possuía problemas psicológicos, mesmo sem ter formação para tanto.

Logo em seguida se autoproclamou como representante do Gama e de sua população, assumindo o cargo inexistente de Deputado-Administrador, onde no papel era Administrador Regional, mantendo o salário de Deputado no contracheque.

O arranjo durou menos de um mês, desde então, há uma tentativa desesperada de construir uma aura de legitimidade representativa em torno do autoproclamado representante do Gama, sem sucesso até agora.

Diante disso, fica a pergunta para provocar uma reflexão:

São os representados que escolhem o seu representante? Ou é o representante que escolhe unilateralmente quem representar?

 

Por Juan Ricthelly*

*Juan Ricthelly  é advogado, ambientalista militante, coordenador do Gama Verde, e integra a Mesa Mediadora do FComGama —Fórum Comunitário e de Entidades do Gama – 11/11/2020

A opinião do autor no artigo acima não necessariamente expressa a visão do portal Gama Cidadão

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Israel Carvalho

Israel Carvalho é jornalista nº. DRT 10370/DF e editor chefe do portal Gama Cidadão.

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