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Coronavírus: conheça a história do cientista Gustavo Cabral, o imunologista que atua no combate à pandemia

O profissional coordena uma equipe de pesquisa no Instituto do Coração, em SP

Cientista Gustavo Cabral, o imunologista que atua no combate à pandemia. Foto/Divulgação

Integrante de uma equipe de cientistas do Instituto do Coração (Incor) em São Paulo, que atua com o objetivo de desenvolver a vacina brasileira contra o coronavírus, está Gustavo Cabral de Mesquita, um imunologista baiano de 38 anos. Ele trabalha ao lado do renomado cardiologista Jorge Kalil e, mesmo diante da grande responsabilidade que lhe foi dada, mantém a tranquilidade e a simplicidade para não perder o foco: ajudar a conter a Covid-19, uma doença respiratória grave, que já vitimou milhares de pessoas ao redor do mundo.

O pesquisador, natural de Tucano, interior baiano que fica a mais de 269 quilômetros da capital, atribui à educação e à ciência os resultados que conquistou em vida. Embora não tenha começado a trajetória científica muito cedo, esses agentes foram essenciais para mudar sua história. Antes de iniciar sua vida acadêmica, Gustavo se dedicava ao trabalho no comércio para poder ajudar nas finanças da família.

 “Eu trabalhava na feira, vendia geladinho, frutas, como coco e manga. Aos 15 anos, resolvi sair de casa e fui morar em Euclides da Cunha, cidade próxima a Tucano. Lá eu comecei a trabalhar no açougue, fiquei quatro anos trabalhando nisso e não conseguia continuar os estudos. Parei três anos de estudar, começava e não continuava”, conta.

A vontade de mudar surgiu quando começou a refletir sobre a vida das pessoas que eram bem sucedidas. Em algum momento, percebeu que esse grupo tinha algo em comum: os estudos. Foi então que Gustavo decidiu vender o que tinha para se dedicar somente aos estudos. Com o valor arrecadado, pagou os anos finais do ensino médio e um pré-vestibular.

De Tucano para o mundo

Investir nos estudos foi a decisão mais acertada de sua vida. Gustavo foi o primeiro de quatro filhos a ter acesso ao ensino superior. O imunologista passou no curso de Ciências Biológicas, na Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus Senhor do Bonfim. Mas sua trajetória estava só começando. Aquela era apenas uma porta de entrada para conhecer o mundo. “Imagina, eu nasci num povoado com três mil habitantes, no máximo, da cidade de Tucano, na Bahia, e pude descobrir o mundo por meio da educação”, comemora.

O percurso do cientista só aumentava. Graças a uma bolsa de pesquisa, que conseguiu depois da graduação, veio o mestrado em Imunologia em Salvador, na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Depois da pós-graduação, foi para São Paulo, fazer o doutorado com o mesmo tema na Universidade de São Paulo (USP). No exterior, continuou os estudos na Universidade de Oxford, na Inglaterra, além de também estudar em Portugal e na Suíça.

No seu currículo, Cabral já conta com várias realizações. Entre elas está o desenvolvimento de uma vacina, ainda em modelo animal, contra o Zika vírus. Além dessas ações, uma das coisas que o deixa mais orgulhoso é o fato de poder ser um exemplo para seus familiares. Como um dos grandes incentivadores dos estudos, Gustavo pode ver seu irmão mais novo concluir o doutorado, também na USP.

Valorização da educação e ciência

Quando perguntado sobre qual conselho ele daria a sua versão mais jovem, ele responde que para acreditar no que ele estava pensando em fazer, estudar é era o caminho certo mesmo. “Acredita no que você está pensando, se outra pessoa falar que não, agradeça pela opinião, mas siga sua ideia”, afirma.

Além de seguir atuando no combate ao novo coronavírus, Gustavo sempre defende o incentivo à educação e ciência. Para ele, esses fatores são essenciais para que outros jovens possam mudar a sua realidade e, principalmente, contribuir com o desenvolvimento social.

“O caminho para as uma das maiores revoluções na vida das pessoas que não têm condições de vida muito boa é invadir os espaços universitários. Isso promove uma transformação enorme. Tudo muda quando olhamos para os centros universitários e pensamos “aqui também é o meu lugar”, conclui o cientista.

Fonte: Agência Educa Mais Brasil

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Israel Carvalho

Israel Carvalho é jornalista nº. DRT 10370/DF e editor chefe do portal Gama Cidadão.

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