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Coleta seletiva será ampliada para todo o DF
Aumento na cobertura da SLU, com novos equipamentos e expansão do serviço, alia-se à conscientização de quem direciona resíduos para reciclagem
A rotina semanal da arquiteta Ana Maria Arsky na destinação de resíduos e embalagens descartados em sua casa exige empenho: separa plásticos, papéis, metais e vidros e leva a um ponto de coleta no supermercado perto de casa. No Lago Sul, a rua onde mora no Setor de Mansões Dom Bosco é uma das poucas a que coleta seletiva do Serviço de Limpeza Urbana (SLU) do Distrito Federal não atende. Mas isso será passado.
A partir de 10 de outubro, o papo de que “não adianta separar o lixo porque o material recolhido vai todo para o mesmo destino” perde força, já que o recolhimento de recicláveis vai se aproximar de 100% no DF. De fora ficarão apenas as áreas rurais, onde a quantidade separada e recolhida ainda é pequena diante do investimento.
Um novo contrato com três empresas prestadoras de serviço de coleta de lixo e limpeza da cidade – uma delas portuguesa – terá validade de cinco anos e traz uma frota de 1039 veículos e equipamentos novos para a cidade. Além da seletiva, elas cuidarão da coleta e do transporte de resíduos sólidos domiciliares; da coleta manual e mecanizada e da remoção de entulhos; da varrição manual e mecanizada de vias e espaços públicos; da lavagem e limpeza de equipamentos; e da pintura mecanizada de meios-fios, entre outras ações de limpeza.
A passagem dos caminhões para recolhimento do lixo em todas as regiões administrativas do DF se dará em dias alternados – e não mais diariamente, como acontece em muitas delas hoje em dia. Isso deverá gerar economia e manter a organização na prestação do serviço.
Um calendário está sendo elaborado pelo SLU e, futuramente, será informado à população. Haverá dias e caminhões diferentes para recolher o lixo orgânico que vai para o aterro e o seco, destinado à reciclagem.
Pontos de entrega
O cuidado de Ana Maria na destinação correta do lixo produzido e descartado por sua família será facilitado. Além da coleta porta a porta feita pelo caminhão em dias determinados por um calendário de acordo com cada região administrativa (veja na tabela abaixo as que já foram atendidas), o SLU vai instalar 244 pontos públicos de entrega voluntária – como esses do supermercado onde a arquiteta deixa o descarte para reciclagem. Atualmente a cidade só conta com particulares das cooperativas de catadores.
O Distrito Federal ganhará também 21.086 mil lixeiras novas e 382 contêineres semi-enterrados para garantir a coleta convencional em áreas de difícil acesso.
Lixo zero
A consciência em dar a destinação adequada ao lixo que descarta foi despertada na arquiteta há pouco mais de um ano, quando participava em Brasília do Congresso Internacional Cidades Lixo Zero. Especialista em reabilitação urbana sustentável, ela se surpreendeu ao se deparar com a estagnação do Brasil no tratamento do assunto: o país recicla apenas 3% do lixo que descarta.
Foi aí que Ana resolveu fazer a sua parte: dá destino ao que pode ser reaproveitado e composta os resíduos orgânicos que a maioria da população manda pros aterros.
Restos de resíduos orgânicos, ossos, cascas de frutas, pedaços de carne, tudo é armazenado no quintal de casa e vira adubo. Na horta produzida pela própria compostagem já brotaram alface, abacate, pepino, tomates, mamão, manjericão roxo, pimenta…
Neste pouco mais de um ano, ela começou a pesar o que dava destinação e não mandava para o aterro: evitou mandar para a natureza cerca de uma tonelada de alimentos e embalagens que voltaram para a cadeia produtiva. Seja em forma de adubo, seja em material reciclado.
“A reação desses rejeitos orgânicos nos aterros com a quebra de moléculas produz o gás metano 20 vezes mais potente que o gás carbônico no efeito estufa. Quanto mais evitarmos mandar esse lixo para os aterros, melhor”, defende ela, que criou uma start up e presta serviços de consultorias condominiais para destinação do lixo.
Vale lembrar que todo o material reciclado, além de não ser despejado no meio ambiente, gera renda aos catadores que sobrevivem do reaproveitamento dele.
Mudança
Para o presidente do SLU no DF, Felix Palazzo, é preciso melhorar o ranking de Brasília no descarte do lixo. Ele afirma que a cidade está acima da média nacional, mas que precisa e deve melhorar a relação com o lixo que produz, sendo dando destino correto a ele, seja não sujando os lugares por onde passa.
“Queremos ganhar o coração e a mente da população para que ela nos ajude a manter a cidade mais limpa. Até porque, lugar limpo é o que menos se suja.”
Veja detalhes sobre serviços contratados e equipamentos utilizados:
Galeria de fotos do Joel Rodrigues / Agência Brasília:
Com informações da Agência Brasília – 03/10/2019