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Brasilienses desenvolvem aplicativo que transforma textos em Libras

Desenvolvido por um grupo brasiliense, o produto é uma espécie de Google Tradutor que transforma textos jurídicos ou ligados à medicina, por exemplo, em sinais para a Língua Brasileira de Sinais, a Libras

Um grupo brasiliense de pessoas surdas desenvolve aplicativo que traduz textos para a Língua Brasileira de Sinais, a Libras. O Rybená, que hoje é uma empresa, começou a criar forma nos anos 2000, para cumprir a legislação que obrigou órgãos públicos a contratarem servidores com algum tipo de deficiência. O projeto foi desenvolvido com ajuda de Daniel de Oliveira, em 2001, que ensinava a linguagem Java de programação no Distrito Federal e dava aulas sem custo para pessoas que tinham interesse na área, entre elas estavam estudantes surdos. “Foi nesse momento que surgiu o desafio de desenvolver alguma solução para a acessibilidade”, conta Alderval Milhomens, hoje diretor do aplicativo.
O Rybená traduz textos jurídicos, termos voltados para campanhas eleitorais, ligados à medicina e às atividades bancárias, entre outros. É uma espécie de Google Tradutor. O texto selecionado se transforma em sinais de Libras que podem ser vistos pela pessoa com deficiência, que muitas vezes tem dificuldades em ler palavras em português. Alderval destaca que o aplicativo é mais uma ferramenta que visa auxiliar a compreensão de textos por pessoas surdas.
Alderval Milhomens e a intérprete e tradutora de Libras Simone Moura. (foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press)
O aplicativo também tem o recurso de voz, que permite a pessoas cegas, com baixa visão, dislexia e síndrome de Down façam transações bancárias, por exemplo, ouvindo os comandos. “O aplicativo é uma solução para ajudar o surdo na comunicação, é uma ferramenta de surdos para surdos”, acrescenta Sueide Miranda, gerente de contas do Rybená. Segundo ele, a ferramenta possibilita linguagens adequadas para cada contexto e procura desenvolver também as questões regionais da língua. “O que era produto, se tornou uma empresa, a Libras é viva, está sempre surgindo novos sinais e eles (os desenvolvedores surdos) sempre estão atentos a isso”.

Desenvolvimento

Instituições voltadas ao público de deficientes podem ter acesso ao Rybená gratuitamente. A empresa criada este ano tem mais de 300 funcionários, além de filial em Manaus, São Paulo, Porto Alegre onde desenvolve outras tecnologias.
Surdo, Adgailson Silva é programador do Rybená. Segundo ele, ser desenvolvedor de software é um trabalho difícil, principalmente quando a própria língua não é compreendida. “Sempre tive muita dificuldade para trabalhar devido à comunicação. Não entendia português, só linguagem de programação”, lembra. Ele conta que decidiu sair de dois empregos anteriores, pois, no primeiro, os colegas não tinham paciência com ele, e, no segundo, a comunicação era feita apenas por texto. “Eu não sabia o que era decidido nas reuniões, me sentia sozinho”, lembra. Agora, ele diz que está feliz no emprego. “Aqui tem interação entre os funcionários. Há pessoas abertas a aprender Libras e se comunicarem direito com a gente”, afirma.

Temáticas

Outros aplicativos auxiliam a comunicação surda, como o ICOM, ProDeaf, VLibras e Uni Libras. Disponíveis para Android e iOS, as ferramentas possibilitam uma melhor compreensão de textos em português para a Língua de Sinais Brasileira. Em tempo real, inúmeras temáticas são traduzidas simultaneamente. Além da tradução em Libras, alguns desses aplicativos contêm a opção de reconhecimento de voz, que permite a leitura de textos para pessoas cegas, com síndrome de down e pessoas que têm interesse em saber melhor sobre Libras.
*Estagiária sob supervisão de José Carlos Vieira
Com informações do Correio Braziliense – 04/01/2020
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Israel Carvalho

Israel Carvalho é jornalista nº. DRT 10370/DF e editor chefe do portal Gama Cidadão.

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