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Bacilo contra o Aedes aegypti é aplicado no Gama, no Recanto das Emas e em Santa Maria
Larvicida faz parte de banco da Embrapa, formado por 2,6 mil micro-organismos que matam insetos
Agentes da Vigilância Ambiental aplicam bacilo em piscina com água parada, no Gama. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília
A visita é rápida. São em média 5 minutos, suficientes para inspecionar vasos de planta, piscinas e ralos, por exemplo. Caso seja encontrada alguma larva do Aedes aegypti, o procedimento em três regiões administrativas de Brasília agora é pingar no foco uma gota por litro do Bacillus thuringiensis israelenses — larvicida biológico — e aguardar até a larva morrer. A nova arma contra o mosquito que transmite a dengue, a febre chikungunya e o zika vírus foi adotada pelo governo na semana passada e faz parte do combate.
“Estamos constatando a eficácia do produto”, informa o chefe do Núcleo Regional de Vigilância Ambiental do Gama, Edson Alves da Rocha. De acordo com ele, os agentes que monitoram os locais onde foi aplicado o larvicida têm percebido a morte da larva cerca de uma hora depois da aplicação: “Enquanto houver chuva, esses lugares precisam ser visitados para o caso de a fêmea voltar a depositar os ovos”. O bacilo ataca os quatro estágios existentes da larva, que, juntos, duram cerca de cinco dias.
O produto — doado ao governo pela empresa farmacêutica União Química para um teste com duração de seis meses — será aplicado em imóveis no Gama, no Recanto das Emas e em Santa Maria. Os agentes da Vigilância Ambiental foram treinados por técnicos da indústria para manusear o larvicida biológico, que não oferece risco ao meio ambiente nem ao ser humano. “Pode ser colocado em aquário, caixa d’água utilizada para consumo, rios e nascentes”, exemplifica Luciana de Paula, farmacêutica da União Química e responsável-técnica pela empresa e por produtos registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Segundo Luciana, que acompanha equipes da Secretaria de Saúde no Gama, a substância age de forma específica e elimina quatro tipos de larvas: Simulium (borrachudo), culex (pernilongo), anófele (mosquito transmissor da febre amarela) e Aedes aegypti. Só no Gama, cada um dos 46 agentes da Vigilância Ambiental visita, em média, 25 casas por dia, aplicando o larvicida quando necessário. O trabalho ocorre das 8 às 17 horas, em 52 zonas, das quais 15 são rurais. A cobertura é de 88% da região administrativa.
Origem
O governo anunciou a nova forma de combate ao Aedes aegypti em 18 de janeiro. A doação foi de 600 litros do produto, desenvolvido em parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) no DF com a União Química.
A empresa pública cedeu a bactéria à farmacêutica, que fabricou a substância. “O micro-organismo faz parte de uma coleção de mais de 2,6 mil bactérias que matam insetos e foi apontado como forma de combate ao Aedes há mais de 20 anos”, explica a pesquisadora da Embrapa-DF Rose Monnerat.
O Bacillus thuringiensis israelenses, registrado pela Anvisa em 2005, é, desde então, utilizado em estados como Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná para exterminar larvas de borrachudo. De acordo com a especialista, em 2007, o larvicida mostrou-se fundamental para que a região administrativa de São Sebastião superasse o risco de epidemia contra a dengue. A bactéria, isolada de solo brasiliense, é ocorrência mundial. “Bastante comum no ecossistema”, conclui a pesquisadora.
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