O pequeno também demonstra interesse por assuntos complexos. Robótica e língua portuguesa estão entre as disciplinas favoritas. “A robótica pode ser necessária caso eu queira ser construtor. Eu saberia construir qualquer coisa por causa dessa matéria”, conta. Mesmo assim, Ryan não quer construir coisas quando crescer. Ele pretende se tornar policial ou médico. “O policial salva o mundo, tipo um herói. E médicos curam as pessoas quando estão feridas.”
Apesar de precoce e de despertar expectativa nos parentes e amigos, Ryan leva a vida de uma criança comum. Brinca de correr, pique-esconde, super-heróis e adora jogar basquete. “Só não gosto daquelas brincadeiras de luta. São muito arriscadas.” Alguns amigos, inclusive, compraram o livro. Eles elogiam a obra e consideram Ryan um ótimo colega. Na escola, recebeu até o apelido de “flash”, devido à velocidade com que faz as tarefas.
Dentro e fora do ambiente escolar, ele recebe elogios de quem está ao redor. “Ryan tem um senso de coletividade muito forte. Sempre que vê colegas ou outras pessoas precisando de ajuda, ele demonstra preocupação com eles”, conta a professora da sala de recursos de altas habilidades de Ceilândia, Carla Oliveira. Além de definir o aluno como altamente sociável, ela ressalta as multi-habilidades dele voltadas aos conhecimentos acadêmicos.
“Ryan fala maravilhas. Expressa-se muito bem e tem um vocabulário bastante avançado para a idade. É uma criança que avança em mais de uma área do conhecimento”, completa. O pai, Márcio Alan Maia, 46 anos, não esconde o orgulho do caçula do casal de filhos. “Esse menino é excelente. Conquista todo mundo. É carinhoso, sociável e tem grande vontade de ajudar os demais. Não tenho nada de negativo para falar dele.”
Altas habilidades
A rotina escolar do pequeno é um pouco diferente da dos demais. Ryan frequenta dois colégios. Um particular e a Escola Classe 64 de Ceilândia. A instituição, além de fornecer aulas da educação infantil ao 5º ano do ensino fundamental, é um dos polos da rede pública do Distrito Federal que conta com salas de recurso destinadas ao ensino de crianças com altas habilidades.
Diretor da EC 64, Hudson Barbosa Campos explica que o colégio recebe não só alunos de instituições públicas como também de particulares. “Elas vêm no turno contrário e têm o atendimento. Se os professores do ensino regular percebem alguma característica relacionada a superdotação, eles nos mandam uma ficha. Para a seleção, uma psicóloga avalia e há uma entrevista com os pais para identificar as áreas de interesse do aluno”, afirma.
O pequeno escritor frequenta a sala de recursos uma vez por semana, durante três horas. Como as outras 96 crianças, ele é acompanhado por pedagogos e psicólogos, que incentivam o desenvolvimento das habilidades. Ryan ingressou na escola em fevereiro, depois de ser indicado e receber um laudo profissional indicando que tinha sinais de superdotação.
A psicóloga responsável pelo parecer, Rachel Fernandes Marinho, conta que as atividades de incentivo a crianças como ele devem ocorrer, simultaneamente, na escola e no ambiente familiar. “Crianças têm muito a oferecer. Por isso, esses trabalhos precisam ser realizados em conjunto, para que se faça tudo de maneira responsável e dentro dos limites delas”, ressalta.
Para saber mais
A teoria dos três anéis
O psicólogo educacional Joseph Renzulli é responsável por desenvolver a teoria Círculo dos Três Anéis. A união entre habilidade acima da média, motivação e criatividade configuram um caso de super dotação, desde que o indivíduo, comparado a uma mesma classe socioambiental, esteja acima dos padrões.
Uma heroína e um herói
Editora: Os Semeadores
28 páginas
R$ 25
Jéssica Eufrásio – Especial para o Correio
Bruna Lima – Especial para o Correio
Correio Braziliense – 13/07/2018 06:00 / atualizado em 14/07/2018 17:38