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Adensamento populacional ameaça projeto urbanístico do Gama
Fonte: Jornal do Síndico
A cidade satélite do Gama-DF tem sido vítima da especulação imobiliária patrocinada pelo poder público que está na contramão de seus objetivos. Ao invés de proporcionar Qualidade de Vida à população e manter o Bem Comum, está eliminando-os do cidadão contribuinte no DF, oficializando atos que favorecem à especulação imobiliária para angariar dinheiro para pagar, certamente o estádio bilionário construído em Brasília e quem sabe para outros interesses que fogem à ética da administração pública. A mudança da destinação dos lotes do setor de Indústrias dessa cidade foi o primeiro passo, aonde grandes torres habitacionais foram e estão sendo construídas…Logo na entrada da cidade, num terreno de uma construtora estão sendo finalizadas 7 torres que vão abrigar uma população de aproximadamente 5.000 pessoas. Pergunta-se aonde foi parar o estudo de Impacto de Vizinhança que autorizou a construção desses prédios? Com a resposta o MPDFT [Ministério Público do Distrito Federal e Territórios].
Nesse aspecto de destruição do projeto original do Gama, o Jornal do Síndico foi ouvir o arquiteto e urbanista e membro do IAB-Instituto dos Arquitetos do Brasil, Ariomar da Luz Nogueira, morador dessa cidade, paladino na defesa de seu projeto original, aonde executou várias obras arquitetônicas.
Para Ariomar as cidades devem ser compactas e não fragmentadas como está acontecendo no Gama. Reforça que a fragmentação urbanística traz danosas consequências e que o planejamento urbano deve ser feito por um órgão específico composto por arquitetos e urbanistas e não uma secretaria de Estado que prioriza interesses políticos e financeiros. E completa que qualquer estudo que implica mudanças nesse setor tem que ser feito por arquitetos e urbanistas.” Qualquer adensamento populacional tem que ser muito bem preparado para resistir como adensamento. O PPCUB [Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília] como está sendo conduzido está indo mais para o adensamento que arrumar Brasília. O Gama há muito tempo tem sido uma cidade desgovernada, principalmente nessa área urbanística. Cada governo ou deputado que entra quer pegar uma parte da cidade para seus interesses políticos.
Acentua Arionar que atualmente um dos maiores problemas do Gama é a Lei do Uso e Ocupação do Solo que para ele não se sabe se veio para regulamentar, eliminar ou regularizar a questão do PDL [Plano Diretor Local] que veio em 2006 não como medidas de governo mas política e favorecimento da questão imobiliária como aconteceu com mudança da destinação dos lotes do Setor de Indústria do Gama e ocupação da área de preservação de manancial com indústrias e prédios públicos, localizada na entrada da cidade. Além disso, cita Ariomar que as 2 vias principais que são a dos Bombeiros e dos Pioneiros foram invadidas pela ciclovia, dificultando alguns moradores de retirar os veículos das garagens e mostra um projeto seu para essas avenidas com ciclovia que não tem relação atrópica e criminosa como foi feito e que não proporciona segurança aos transeuntes e moradores.
“O que existe hoje de definitivo em Brasília é uma grande bagunça com relação à LUOS. Eu que sou arquiteto e urbanista de ofício e já vou para a 5ª década nesse trabalho não estou entendendo o que é de fato a LUOS, porque que ela existe, essa Lei de Uso e Ocupação de Solo. Uso e Ocupação de Solo é uma coisa, agora lei determinante eu não entendo. Se ele veio depois do PDL para regularizá-lo ou se é uma lei que faça com que o uso do solo não seja somente dentro dos lotes ou fazendo manchas urbanísticas nocivas à cidade. LUOS em qualquer lugar é para definir parâmetros dentro dos lotes e não em áreas verdes e públicas que são originárias e projetos urbanos específicos permanentes. Mas isso não vem ocorrendo no DF, principalmente no Gama, onde a LUOS tem interferido em áreas públicas como aconteceu na quadra 42 do Setor Leste, aonde construíram um estacionamento para beneficiar uma igreja”, destaca Ariomar enfatizando que por trás disso tudo está a Terracap que visa mais interesse financeiro e político que beneficiar à população, leiloando áreas públicas para fazer caixa.
Ariomar alerta para o congestionamento viário do Gama que além de receber os veículos da cidade, está virando um corredor de passagem de veículos das cidades do Entorno Sul que demandam ao Plano Piloto e outras cidades satélites.
Para o arquiteto e urbanista os governantes de Brasília visam mais interesses políticos que populares e tudo indica que passam em cima da Justiça como acontece com a ocupação dos becos do Gama por militares e o mesmo pode acontecer com as pontas de quadras.
Ariomar é também autor de diversas esculturas artísticas expostas em áreas públicas, uma dela é o famoso Periquito que representa o principal time da cidade mantido pela Sociedade Esportiva do Gama, exposto no balão de acesso ao Plano Piloto e Taguatinga e à rodovia BR-040. E agora a sua principal luta é tornar o monumento mais visível uma que vez que as obras do BRT reduziram a sua visibilidade. Para ser visto o Periquito tem que ter 4,20m de altura da soleira e a visibilidade de 1,80 a 1,90 metros aonde está no viaduto. Uma campanha está sendo feita nesse sentido.
Pontas de quadras ajardinadas podem dar lugar para imóveis.
Ariomar em foto antiga na frente de uma das suas esculturas: o Periquito que agora encontra-se escondido
Jornal do Síndico – Quarta, 23 de junho de 2014