Meio Ambiente e Sustentabilidade

A flor que salva (crotalária): arma contra dengue, chikungunya e zika

Por: Jane Godoy – Coluna 360 Graus – Correio Braziliense – 24 janeiro 2016

Crotalária (xique-xique)

Torna-se conhecido pelos leigos, na área da botânica, um personagem que faz renovar as esperanças de quase todos os estados brasileiros: a crotalária. Devido à ameaça sob a qual estamos sujeitos, ou seja, seremos abatidos implacavelmente por um ser aparentemente insignificante e frágil, mas que se agiganta ameaçador: o aedes aegypti. Tudo se torna pior quando sabemos que ainda não há uma vacina que evite o ataque das doenças trazidas pelo mosquito.

Crotalária (xique-xique)Elas são comprovadamente causadas e pela falta de cuidados, higiene e limpeza de quintais, áreas e depósitos de tudo o que se possa imaginar. Mesmo esclarecida sobre a gravidade das consequências nefastas para a saúde de adultos e crianças, a população parecia não se conscientizar e, infelizmente, possibilitar ainda a proliferação desses insetos vetores, agora não só da mais conhecida dengue, como também da chikungunya e do vírus zika, causador da microcefalia em bebês.

De origem indiana, muito usada na recuperação do solo, eis que a natureza se torna uma grande aliada da população, ainda mais através de uma linda folhagem, que produz flores tão bonitas e sedutoras, que atraem outro inseto tão delicado, a libélula. Valente e destemida, é predadora natural do malvado aedes aegypti.

Sabemos que, em várias cidades brasileiras, já existe o plantio sistemático das sementes da crotalária para serem distribuídas à população que, tendo-as em casa, terão uma verdadeira arma contra esse terrível algoz, que tem causado tanta tristeza e apreensão nos últimos tempos. Ainda mais animador é saber que a libélula é capaz de eliminar o aedes aegypti não só enquanto larva, como também na fase adulta. Num verdadeiro fenômeno da natureza, a larva da libélula, resultado das posturas em água limpa, como o aedes, “se alimenta da larva do mosquito e a libélula adulta se alimenta também do mosquito adulto”, afirma o engenheiro agrônomo Claudio Gotardo.

Por isso, achamos que, depois de notícia tão auspiciosa, todas as prefeituras, de todos os estados do Brasil e também nós brasilienses, possamos contar com o cultivo intenso e contínuo da crotalária, com distribuição de mudas e sementes à população formando, assim, uma poderosa corrente em defesa, principalmente, das grávidas e dos bebês, novas vítimas desse terrível mosquito.

Cidade com tantos e tantos canteiros centrais em toda a extensão do Distrito Federal, mais os das entre quadras das W3 Sul e Norte, sempre mal-cuidados e cheios de mato, sugiro que a planta seja semeada em cada um deles. Além de ficarem lindos, com seus arbustos verdes e suas flores amarelas que parecem orquídeas, teremos o orgulho de exibir “lavouras” de flores amarelas e proteger, de forma real e palpável, toda a população dessa terrível doença.

Que saibamos aproveitar essa dádiva da natureza.


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